Uma segunda chance para a árvore no conceito do Wabi Sabi.

25/01/2019
Fonte:  a autora
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Uma criação perfeita e quase divina: um móvel esculpido na tora do Jatobá caído com todas as suas ranhuras e fissuras... Os orientais inventaram uma expressão para isso: Wabi Sabi. Um olhar sobre as coisas com simplicidade que definem a beleza contida nas imperfeições.


Fonte: a autora
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Pelas mãos do designer Raiz Ferreira, ele prefere assim ser chamado, troncos que seriam descartados viram mobiliário. A mesa imponente que ocupa o canto da sala na casa de campo, o banco e a gamela denuncia sua primeira vida: um jatobá derrubado não pela mão do homem, mas pela força da natureza, ganha sua segunda encarnação. Perpetuado pelas mãos de Raiz Ferreira, que interfere o mínimo possível nas suas formas originais.

Sob a ótica do Wabi Sabi Raiz lança o seu olhar sobre as coisas pela lente da simplicidade e da naturalidade.

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Um jovem oriental chamado Rikyu, no seculo XV quis aprender sobre a cerimonia do chá. O mestre para testa-lo pediu que varresse o chão. Ao terminar, o chão impecavelmente limpo, chacoalhou e fez cair sobre as pedras flores da cerejeira. O mestre o aceitou no mosteiro porque Rickiu captou a essência do Wabi Sabi. A beleza contida na imperfeição. Nada é permanente e imutável.

Os princípios do Wabi-Sabi (idealização artística desenvolvida por volta do século XV) podem ser encontrados na natureza, e implicam em virtudes do caráter humano. Isso, por sua vez, sugere que a virtude e a civilidade podem ser expressas através da prática e da apreciação das artes. Assim, os ideais estéticos têm uma conotação ética e permeiam grande parte da cultura japonesa.


Fonte: a autora
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O Wabi-Sabi é definido como a estética da beleza nas coisas imperfeitas, impermanentes e incompletas. A transição das coisas deixam marcas de suas travessias que são consideradas belas. Wabi-Sabi pressupõe assimetria, irregularidade, simplicidade e minimalismo em sua mais pura essência.

O termo Wabi conota simplicidade rustica, frescor e quietude. Pode se referir também a anomalias e deformidades decorrentes do processo de construção de um objeto. Sabi é a beleza e a serenidade que vem com a idade, com a vida daquele objeto, cuja evidência de sua historia transparece nas rachaduras e no desgaste. Pressupõe sabedoria na simplicidade natural ou confiabilidade imperfeita.

Fonte: a autora
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O Wabi-Sabi pode ser identificado nos objetos mais básicos e naturais, no craquelado de um objeto, nos materiais envelhecidos como a madeira nua ou como o papel desbotado pelo tempo. No valor meditativo que o mesmo desperta no observador.

O conceito de estética Wabi Sabi enquanto objeto artístico no desenvolvimento das reflexões apresentadas no presente trabalho evidencia sua contribuição enquanto peça fundamental na representação do imaginário uma vez que conta a história, a arte e a cultura de um povo para outros povos, recruta a beleza artística por meio de sua historicidade, confere sua identidade histórico-cultural e artística na ressignificação de suas diversas linguagens. E a interação metalinguística ocorre porque estão intrinsicamente relacionadas essas diversas linguagens, conferindo-lhe formas diversificadas de apresentação·.

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